O Diretor Presidente do IPASA, Dirceu Porto de Mattos palestrou no dia 21 de setembro sobre Perspectivas Econômicas e Alternativas de Alocação de Recursos, no Auditório da PREVES, destacou que assim como julho, o mês de agosto também foi positivo para os investimentos. Logo no início do mês as carteiras apresentaram forte retorno positivo, mas diminuíram sua intensidade na segunda quinzena do mês. O grande destaque de rentabilidade neste mês, foram os ativos ligados ao principal índice de renda variável local (IBOVESPA), que avançou 6,16% e com isso retornou para campo positivo no acumulado de 2022.
A inflação, segue como o principal ponto de atenção mundo a fora, com os números ainda seguindo elevados em perspectiva histórica e com pouco sinal de trégua. Por aqui o Brasil vive um momento diferente registrando deflação de 0,68 no IPCA de julho, reflexo exclusivo do impacto da redução dos preços dos combustíveis e energia, já que nos demais seguimentos, acompanhados pelo IBGE, para a apuração da inflação (IPCA) ainda segue apresentado valores elevados. A redução dos preços dos combustíveis foi tão forte que há expectativas de que o seu impacto será observado nos números da inflação nos meses de agosto e setembro, onde também são esperados registros de deflação e as expectativas de mercados já estão considerando IPCA acumulado em 2022 inferior a 7%, segundo o boletim FOCUS divulgado no dia 05/09.
A inflação persistente, ainda tem forçado os bancos centrais globais a manter o indicativo de elevação de taxa de juros com objetivo de colocar o pé no freio na economia global e por conseqüência trazer os números da inflação para dentro das suas respectivas metas. O grande exemplo disso veio no discurso de Jerome Powell, presidente do FED, banco central americano, no simpósio de Jackson Hole onde confirmou as expectativas para seu discurso, traçando um tom mais contracionistas para a economia americana dizendo que fará o necessário para trazer a inflação para a meta, não sendo descartada uma nova elevação de 0,75% na taxa de juros, o que é considerado pelo mercado como algo extremamente agressivo. O resultado deste tom mais agressivo, apresenta grande reflexo no mercado de capitais, com os principais índices do exterior patinando no mês de agosto, já que as perspectivas traçam um cenário de recessão para a economia global. Outros indicadores divulgados ao longo do mês de agosto reforçam a possibilidade de uma desaceleração global, o índice de inflação de manufaturas da China (nosso principal parceiro comercial) recuou de 50,4 pontos em julho para 49,5 pontos em agosto, abaixo das estimativas (50,0). Na Europa, a leitura final de agosto do PMI manufatureiro da Zona do Euro ficou em 49,6 pontos, abaixo tanto do resultado de julho (49,8) quanto do resultado preliminar e das expectativas (49,7). Na Alemanha, a revisão de agosto do PMI manufatureiro caiu para 49,1 pontos, também abaixo de julho (49,3) e das estimativas (49,8). Informamos que estes índices, abaixo do valor de referência de 50 pontos significa perspectiva de recessão econômica.
Falando um pouco do Brasil, como já destacado acima, os dados indicam um momento diferente da maioria das economias globais e como já pontuado em cartas anteriores, o país está à frente no ciclo da taxa de juros e muito próximo do final. O PIB brasileiro cresceu 1,2% no segundo trimestre de 2022 e mostra que houve uma recuperação em todos os setores da economia. Esses dados mais robustos do PIB brasileiro, tem provocado revisões para expectativas de crescimento da economia no ano de 2022 e esses números que no início do ano estavam próximos do zero, no último boletim FOCUS divulgado apresentam expectativa de um bom crescimento ao redor de 2,26%, ainda conforme o Boletim FOCUS de 05/09/22.
Ainda falando de Brasil, as eleições entram em sua reta final, e o cenário tem mudado muito pouco em relação aos números divulgados até então. Embora as eleições causem certa apreensão, para o mercado financeiro qualquer um dos dois candidatos a frente nas pesquisas, não representam grandes preocupações, por se tratar de candidatos já conhecidos do mercado financeiro. Assim como temos falado nas últimas cartas, o cenário continua extremamente desafiador e a volatilidade continuará alta.
No segmento de renda fixa, os títulos públicos federais continuam remunerando a taxas superiores as metas atuariais e reforçamos o resultado em uma gestão de longo prazo. No curto prazo, fundos atrelados ao CDI, com SELIC remunerando próximo de 14% a.a., tendem a ser um bom produto principalmente considerado a possibilidade de deflação nos meses de agosto e setembro.
O seguimento de renda variável local tem apresentado bons resultados nos últimos dois meses, e mesmo assim seguem em níveis bastante descontados e apresentam pontos interessantes para formação de carteira.